PÁGINA AVULSA
Esquece a palavra e mesmo a partitura
ouve a música inesperada desse caminho
em que ela andou e era manhã.
Outros caminhavam a seu lado
riam. Havia sempre uma flor desconhecida
cor e perfume diversos dos ramos de outros dias.
Uma ninfa de azul tudo olhava.
“Tu sei una visuale”, alguém dizia.
Ela olhava absorta. “Me piace il tuo silenzio”
a voz prosseguia. Cantavam águas
passos ecoavam nas pedras que sempre por ali havia.
Isso foi ontem
hoje é outro dia.
No mesmo caminho ela segue
vendo/ouvindo o fantasioso viver
mais um dia
mais um dia.
Dora Ferreira da Silva. Poesia reunida. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999, p.394-395.
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