Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

uma frase cruel de Clarice Lispector

Ali não há nada a salvar.” Na sequência: “Nem tudo quer dizer alguma coisa (isso é tão importante como o oposto).” Me pareceu que a crônica de que retirei a frase é também cruel, mas dizer isso seria precipitado, numa leitura cujo principal impactado é sempre o leitor. Mas dizer que não há nada a salvar ― num destino, numa vida, seja lá em que for ― é sim cruel. Disso não há dúvida.
Para não esquecer, p.65.

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