II.20
Quanto espaço entre estrelas distantes!
Mais distante está o que aqui se aprende.
Alguém, por exemplo, um menino... outro adiante,
afastados entre si incompreensivelmente.
Palmo a palmo o destino mede nosso ser,
embora nos pareça estranho que assim seja.
Pensa: quantos palmos entre o homem e a mulher,
quanto mais o evita, mais ela o deseja.
Tudo é distância. Não se fecha a circunferência.
Vê sobre a mesa os peixes na travessa,
olhos frios na cara gelada.
Peixes são mudos... achava a ciência.
Mas afinal há um local, no qual se expressa
a língua dos peixes, por eles não falada?
RILKE, Rainer Maria. Os sonetos a Orfeu. Elegias de Duíno. Trad. Karlos Rischbieter e Paulo Garfunkel. Rio de Janeiro: Record, 2002, p.104-105. Vale a pena cotejar com a tradução de Augusto de Campos.
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