Não fales alto, que isto aqui é vida
—
Vida e consciência dela,
Porque a noite avança, estou cansado, não durmo,
E, se chego à janela,
Vejo, de sob as pálpebras da besta, os muitos lugares das estrelas…
Cansei o dia com esperanças de dormir de noite,
É noite quase outro dia. Tenho sono. Não durmo.
Sinto-me toda a humanidade através do cansaço —
Um cansaço que quase me faz carne os ossos…
Somos todos aquilo…
Bamboleamos, moscas, com as asas presas,
No mundo, teia de aranha sobre o abismo.
Vida e consciência dela,
Porque a noite avança, estou cansado, não durmo,
E, se chego à janela,
Vejo, de sob as pálpebras da besta, os muitos lugares das estrelas…
Cansei o dia com esperanças de dormir de noite,
É noite quase outro dia. Tenho sono. Não durmo.
Sinto-me toda a humanidade através do cansaço —
Um cansaço que quase me faz carne os ossos…
Somos todos aquilo…
Bamboleamos, moscas, com as asas presas,
No mundo, teia de aranha sobre o abismo.
PESSOA,
Fernando. Poesia completa de Álvaro de Campos. Ed. Teresa Rita
Lopes. São Paulo: Companhia de Bolso, 2007, p.401.
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