Este poema de amor não é lamento
nem tristeza distante, nem saudade,
nem queixume traído nem o lento
perpassar da paixão ou pranto que há
de
transformar-se em dorido pensamento,
em tortura querida ou piedade
ou simplesmente em mito, doce
invento,
e exaltada visão da adversidade.
É a memória ondulante da mais pura
e doce face (intérmina e tranquila)
da eterna bem-amada que eu procuro;
mas tão real, tão presente criatura
que é preciso não vê-la nem possuí-la
mas procurá-la nesse vale obscuro.
Jorge de Lima. Poemas negros.
Rio de Janeiro: Record, 2007, p.168.
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