Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

"Chove longínqua e indistintamente,/ Como uma coisa certa que nos minta,/ Como um grande desejo que nos mente."

A previsão do tempo vem anunciando uma chuva imprecisa para o fim de semana que começa antecipadamente amanhã. Como sói acontecer com previsões, as oscilações dão o tom. Parece certo que amanhã choverá. Há uma semana espero por essa chuva. E antes que a secura se insinue como convergência da razão, até pelo caminho mais óbvio, há uma necessidade mais premente e pueril, quase inocente: poder escutar em paz o barulhinho da chuva. São também as saudades de Fernando Pessoa.

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