Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 19 de dezembro de 2010

críticas

Um amigo adverte: dependendo da fonte de que procedem, as críticas são na verdade elogios. É bom acolhê-las, portanto, porque, como o negativo de uma fotografia, elas estão dizendo pelo avesso, dizendo o que não admitiriam dizer. Outra amiga diz: quem aponta o dedo para outrem traz três apontados para si. Crítica "construtiva" é eufemismo empobrecido empregado por quem leu mal a famosa passagem bíblica, da trave e do cisco no olho. Críticas são sempre críticas, cada um faz delas o que bem entender. Se a pessoa não se cuidar, o mundo passa sobre ela como um trator, e ainda diz que tentou ajudar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário