Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


terça-feira, 21 de dezembro de 2010

fernando pessoa e walter benjamin ao mar

["fernando pessoa as pessoas como as ilhas": uma busca que trouxe até este espaço]. Assisti na UFMG a uma conferência excelente, com estudioso cujo nome me escapa por completo, e que fez interessantes ilações (na falta de termo melhor) entre ensaios de Walter Benjamin e o texto "O banqueiro anarquista", de Fernando Pessoa. Enquanto o conferencista e vinha em sua brilhante exposição, eu ia imaginando (ou agora a minha memória assim o enxerga) Fernando Pessoa ao mar, tomando, eu, banqueiro anarquista por barqueiro anarquista, mas também podia ser Walter Benjamin no mar que ele não chegou a alcançar, em sua fuga tardia do nazismo. P.S. Acabo de me lembrar o nome do conferencista: Pablo Rocca. Retificação após o comentário do Luiz: trata-se de Julio Ramos (University of California/Berkeley), que no colóquio Passagens da modernidade (aqui) fez a conferência Las ficciones del sujeto moderno.

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