VIAGEM
Apago a vela, enfuno as velas: planto
Um fruto verde no futuro, e parto
De escuna virgem navegante, e canto
Um mar de peixe e febre e estirpe farto
E ardendo em festas fogo-embalsamadas
Amo em tropel, corcel, centauramente,
Entre sudários queimo as enfaixadas
Fêmeas que me atormentam, musamente
E espuma desta vaga danço e sonho
Com címbalos e símbolos, harmônio
Onde executo a flor que em mim se embebe,
Centro e cetro, curvando-se ante a sebe
Divina ― a própria morte hoje defloro
E vida eterna engendro: gero, adoro.
FAUSTINO, Mário. O homem e sua hora e outros poemas. São Paulo: Companhia de Bolso, 2009, p.171.
Fica sempre uma cogitação: quanto mais teria dado a poesia de Mário Faustino se sua vida não tivesse sido inesperadamente abreviada por um acidente aéreo, aos 32 anos de idade? (aqui)
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