Sônia, olá: falei seu nome hoje na sessão de análise. Assim: fui falar o nome da analista e saiu o seu. Ela perguntou: quem é Sônia? Pois é. Aquela troca de impressões acerca da crônica da Clarice, "O erudito", ficou ressoando em mim, e hoje houve um estranho cruzamento entre literatura e vida na sessão, o que é indicativo de alguma coisa que não sei ainda precisar. Só sei que, em vez de falar o nome da analista, falei Sônia. Eu mesma levei uns segundos para me situar em relação ao nome que havia acabado de pronunciar. Talvez seja uma forma de dizer que estou sentindo sua falta por aqui. Ou de dizer a mim mesma que estou precisando de serenidade. Espero que você possa ler este post.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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