Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Henry Miller: a grande pergunta

“A grande pergunta era a de sempre, aparentemente irrespondível: o que afinal eu tenho a dizer ao mundo que seja tão desesperadamente importante? O que eu tenho a dizer que já não tenha sido dito antes, e milhares de vezes, por homens infinitamente mais talentosos do que eu? Seria apenas uma coisa do ego, aquela necessidade coercitiva de ser ouvido? De que maneira eu era singular? Porque se eu não era singular, então tudo aquilo só resultaria em acrescentar mais uma unidade a uma cifra astronômica incalculável.”

MILLER, Henry. Nexus. Trad. Sergio Flaskman. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p.166. 

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