Uma das mensagens de Natal que recebi este ano finalizava com a expressão “Paz Profunda”. Havia tal expressão de verdade nas palavras de quem enviou que, não sendo eu muito adepta de mensagens nesta época do ano, resolvi encaminhá-la a algumas pessoas que se fizeram presentes em minha vida ao longo do ano, seja concretamente, seja através das palavras, acrescentando: concretamente ou por meio de palavras são coisas intercambiáveis na vida de quem vive no meio delas, as palavras, e sabe de sua força. Uma amiga respondeu: Paz profunda é um desejo muito bonito e só quem precisa dela sabe como é valorosa. Agradeço esse desejo e redireciono-o a você. E só então percebi como aquela expressão havia ressoado, e continua ressoando, em mim.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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