As armas secretas, de Julio Cortázar, é simplesmente imperdível, sendo mesmo difícil escolher dentre os cinco contos o melhor ― todos primam pela excelência. Depois de assistir a Blow up, “As babas do diabo” ganha uma densidade imagética única, sem contar que se trata de um pequeno tratado sobre o olhar. “O perseguidor” é implacável e “Cartas de mamãe” é magistral, talvez pela coincidência de tê-lo lido durante uma viagem. Um pequeno senão à tradução (ou quem sabe à revisão): não obstante os elogios, há problemas que, mais uma vez, fazem lembrar como a pressa editorial compromete a qualidade de um trabalho que deveria primar por aquilo que persegue: o cuidado com o que Johnny tenta lembrar a Bruno, seu biógrafo, o tempo todo, e que felizmente não escapa ao narrador-perseguidor, colado a Bruno: "― Não se pode dizer nada, que imediatamente você traduz para o seu idioma sujo. Se quando eu toco você vê os anjos, a culpa não é minha. E o pior, o que você verdadeiramente esqueceu de dizer no livro, Bruno, é que eu não valho nada, que o que eu toco e as pessoas aplaudem não vale nada, realmente não vale nada." (p.147).
CORTÁZAR, Julio. As armas secretas. Trad. Eric Nepomuceno. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. Mais detalhes no blog meia palavra.
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