Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 1 de janeiro de 2012

pergunta sem resposta

A minha queridíssima sobrinha Beatriz, que completará cinco anos no próximo domingo, faz-me pergunta para a qual não consigo imaginar resposta: Por que papai do céu fez o ladrão? Na falta de uma resposta, e já numa outra volta da conversa, é-lhe lembrado o que ela havia dito antes: que ela vai ser tudo (quando crescer). Vou ser tudo, menos ladrão ― responde ela. Tudo, para uma criança de cinco anos, é o reino das possibilidades, o sonho abarcando a vida.

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