Este post deu-me, por pura necessidade de começar de
algum lugar, o ensejo de perfilar
palavras que me inquietam há cerca de dois dias. Trata-se de uma intuição em
aparência simples: é sexta-feira e estou voltando, já no final do dia, para
casa, vindo do dentista. Estou descendo a Grajaú-Jacarepaguá. O motorista é
rápido. É quando percebo que o horário e o contexto receitariam o
percurso inverso, já que estou dando as costas aos inúmeros e cheios de apelo
signos culturais da cidade, anunciados com bastante eloquência na primeira
edição do telejornal, para tão somente vir (ou voltar) para casa, à qual finalmente,
e convicta, chego, o que não implica qualquer conclusão.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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