VIGÍLIA
Ninguém moverá para mim
A máquina do sonho e da noite.
Eu a moverei.
Tantos corpos já rodaram...
A caligrafia das constelações é claríssima.
Tantos amores dissonantes
Se alimentaram de mim.
Fui construído a golpes de angústia:
E já vejo se erguer no horizonte
O futuro momento de cinza
Guardado pelos deuses-estandartes.
Até quando, Ente oblíquo,
Abusarás de minha sede?
MENDES,
Murilo. Poesia completa e prosa. Rio
de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p.345.
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