Perceber os olhos levemente molhados, depois de
expressivo tempo secos, diante da cena final de um drama americano já visto,
casualmente encontrado no zapeamento dos canais ― e por que, afinal, deter-se ante um título que fala de vidas (e da vida) no limite? Mas foi assim, e o pequeno milagre do começo da água. Haveria talvez algo mais a dizer aqui, mas essa água não quer ser corrompida.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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