Nunca no Brasil houve tanta mulher disposta a
estampar capa de jornal barato ― e publicações congêneres. Está surgindo uma nova profissão:
subcelebridades, seres que vivem à custa da duvidosa imagem que alimentam
através do corpo. Mulheres que estão fazendo do corpo objeto de uma posse
coletiva e virtual, multiplicada pelas possibilidades exponenciais da internet.
Seria interessante pensar quem está financiando essa superexposição do corpo
feminino, quem está efetivamente lucrando (e obtendo satisfação) com isso e por
que as mulheres (naturalmente as que estão se submetendo a essa distorção
grotesca de sua sexualidade) estão permitindo esse avanço sem escrúpulos sobre
seu corpo.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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