Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 21 de agosto de 2010

pseudo blues


Depois de uma experiência indescritível proporcionada pelo contato com essa cidade maravilhosa chamada Rio de Janeiro, percebi que era inevitável dar um tratamento diferenciado à música que coloquei no post anterior, o qual aliás teve seu destino selado por esta experiência - estava banal, comum demais, e a música ficou deslocada. Pois bem, me redimo e dou à canção o seu devido lugar, o lugar da poesia, do mistério, da experiência que produz comoção - "o certo é incerto, / o incerto é uma estrada reta / de vez em quando acerto / depois tropeço no meio da linha" [poema de Jorge Salomão musicado por Nico Rezende]. 

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