Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 18 de setembro de 2010

um trabalhador intelectual (acerca de Sérgio Buarque de Holanda)

Segue o trecho de um depoimento (entrevista) de Antonio Candido ao Jornal da USP, acerca de Sérgio Buarque de Holanda, no ano do centenário de seu nascimento (2002): "Era um grande trabalhador intelectual. Um homem de uma cultura imensa. Eu não sei se eu já vi alguém mais culto que Sérgio Buarque de Holanda. Veja que eu vivo num meio de gente culta, brasileiros e estrangeiros, e eu não sei se conheci alguém mais culto que Sérgio. [...] É isso que eu digo: são os contrastes de Sérgio Buarque. Ele estava sempre pronto para estudar, para pesquisar, mas também para ir a uma boate, para ir a um bar, a uma festa, para sair de casa, para jantar fora, tudo. Era só telefonar, ele ia atrás. E gostava muito de ouvir fofoca. Uma jovem assistente dele da faculdade me contou que ele ficava zangado quando ela não telefonava para ele depois que ele se aposentou, porque queria saber das fofocas da faculdade. Depois Sérgio me contava e eu falava: 'não quero ouvir'." (Leia a entrevista completa aqui).

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