Alucinações do Passado é um drama psicológico com requintes de terror. "Este não é um filme de guerra, apesar da abertura. O tema do trabalho do diretor Adrian Lyne é o tênue limite entre sonho e realidade", informa o Cine Repórter (aqui). Prossegue: "Jacob é um personagem fascinante. Traumatizado com a guerra, ele retornou aos EUA outro homem. Dono de um doutorado em Filosofia e pai de duas lindas crianças de um casamento feliz, ele jogou tudo para o alto. Abandonou a família para casar com uma carteira, e o apartamento chique em Manhattan, onde vivia, para morar em um moquifo no Brooklyn, bairro de classe média baixa habitado por criaturas da noite. Quando o vemos pela primeira vez, no metrô, Jacob está lendo o romance O estrangeiro, de Albert Camus. A leitura é uma informação importante para compreendermos o homem que ele é, suas motivações e seus traumas. Jacob é um personagem sólido. Infelizmente, o mesmo não se pode dizer de sua sanidade. Interpretado por um Tim Robbins quieto, calado e com um sorriso contagiante, Jacob é um mistério que vai sendo revelado aos poucos." Daqui em diante é melhor não acompanhar mais o texto, pois entrega algo do suspense do filme, e seu grande trunfo está na construção desse suspense. No final, o espectador entende tudo, e entende como foi bem feita a armação do enredo, as alucinações do personagem, a fantasmagoria toda. A atuação de Tim Robbins torna o personagem e tudo o mais antológico. Discordando do Cine Repórter, este é sim um filme de guerra, ou melhor, é um filme sobre os horrores a que pode chegar a violência da guerra.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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