Tocava no shopping, logo após sair do salão (dito agora coiffeur, para melhor sonoridade). Sensação incrível de leveza. O cabeleireiro havia acertado a mão, e não economizou nos elogios (fazem isso para as mulheres voltarem, é certo). Mas cortar o cabelo é algo sempre bom: junto com os fios vão-se emoções negativas, talvez por sugestão da aparência que se renova. É como perder objetos: uma forma sutil de deixar experiências para trás. You feel alright when you hear that music ring.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário