Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 1 de maio de 2011

Chico Buarque: Construção


Interpretação impecável. O que cada um constrói com seu trabalho? Alguns levantam paredes, outros edificam muros, outros alinhavam ideias, que podem reforçar os muros ou erodi-los, quando não são os próprios muros. E há os que criam. A concisão extrema dos versos de Drummond:

"Em verdade temos medo. 
Nascemos escuro. 
As existências são poucas: 
Carteiro, ditador, soldado. 
Nosso destino, incompleto." 
["O medo", A rosa do povo

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