Minha vida não é esta hora a pique
em que me vês tão afobado.
Eu sou uma árvore em frente ao interior de mim.
Sou uma só de minhas muitas bocas
e aquela que primeiro há de fechar-se.
Sou aquele intervalo entre duas notas
que só dificilmente se harmonizam,
e é quando o tom da morte vai mais alto.
Mas no escuro intervalo as duas soam,
trêmulas ambas.
E é bonito o canto.
RILKE, Rainer Maria. Livro de horas. Trad. Geir Campos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993, p.35.
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