Coloquei uma fotografia mais antiga para estampar o blog, de meados de 2007, tirada pela minha irmã na Praia do Recreio. Com uma ou outra exceção, as imagens mais recentes que coloquei de mim traíam alguma coisa de artificial (aos meus olhos). Não que fotografias não sejam artifícios. Mas é que estou num momento movediço, de intensas transformações, e isso aparece nas imagens (novamente, aos meus olhos). Apenas eu posso saber o que é possível saber de mim. Então encontrei nesta imagem mais antiga a serenidade que não estou conseguindo entrever nas imagens mais recentes. E há uma espécie de verdade nisso, para além das transformações físicas. Preciso entender o que está tumultuando minha face.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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