Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sexta-feira, 6 de maio de 2011

horror

Meu horror à violência deve vir de eras primordiais. Ela me cerca, acua, está em toda parte. Tento domá-la em mim, o que percebo dela em mim, e o que percebo já me assusta, me deixa desassossegada. O que faço com a violência que recebi? Consigo ter sua dimensão? É certo que não, há uma anestesia a impedir a percepção do quanto se está imerso na violência. Mas o pouco que percebo já é suficiente para me horrorizar, e desejar nascer de novo. 

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