II,1
Respirar, invisível dom ― poesia!
Permutação entre o espaço infinito
e o ser. Pura harmonia
onde em ritmos me habito.
Única onda, onde me assumo
mar, sucessivamente transformado.
De todos os possíveis mares ― sumo.
Espaço conquistado.
Quantas dessas estâncias dos espaços
estavam já em mim. E quanta brisa
como um filho em meus braços.
Me reconheces, ar, nas tuas velhas lavras?
Outrora casca lisa,
céu e folhagem das minhas palavras.
RILKE, Rainer Maria. Coisas e anjos de Rilke. Trad. Augusto de Campos. São Paulo: Perspectiva, 2007, p.157.
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