Eu tenho hinos que guardo em silêncio.
Há um ser passado em julgado
dentro do qual meus sentidos inclino:
tu me vês grande e eu sou pequenino.
Podes no escuro diferenciar-me
das coisas que se põem de joelhos:
rebanhos elas são e estão pastando,
sou o pastor na vertente de sarça
para onde elas vão quando a noite vem.
Então, depois delas, eu vou chegando
e surdamente ausculto as ensombradas pontes,
e na fumaça que lhes cobre os lombos
passa dissimulado meu retorno.
RILKE, Rainer Maria. Livro de horas. Trad. Geir Campos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993, p.56.
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