Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

é difícil enxergar

Apanhados os novos óculos, e ingressando, como mais uma fronteira avançada, na era do multifocal, tomei o metrô em direção à clínica oftalmológica para a conferência. Cerca de duas estações depois, entrou no metrô uma moça amparada por um fiscal: era cega, e se acomodou em pé perto de mim. Ainda assim, demorei um tempo para perceber o que se passava. Como é difícil!

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