“Decreto que vou escrever um estudo de 120 páginas, com epígrafe do Fukuyama, dedicados à seguinte e simples proposta: o cinema acabou. Estamos todos como meninos de castigo. Ainda não tomei todas as minhas notas, mas creio que o fenômeno se deu lá pelo mesmo ano do livro que me inspirou. Como piorou o cinema, meu Senhor! Tudo é muito ruim. O que foi uma sorte para a televisão que melhora a olhos vistos, para quem não é astigmata ou daltônico. É só não mexerem, por pura novidadice, com o raio da 3D que vem emborcando como cruzeiros italianos capitaneados por indivíduos da mesma raça que já nos deu Fellini, Visconti e Sergio Leone. Até o Scorsese, que fez uns dois ou três filmes razoáveis, já embarcou nessa dimensão, e, como numa história de The Twilight Zone, por lá deveria ficar, apenas recuperando cópias de velhas obras-primas esquecidas, que nisso ele é mestre.” Ivan Lessa.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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