Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 31 de março de 2013

a igualdade é branca

Assisti ao filme que faltava da trilogia das cores, "A Igualdade é Branca". As fronteiras separando os diferentes, a própria língua como uma barreira. Gostei muito de "A Fraternidade é Vermelha", achei até mais forte, mas este, voltado para a igualdade (pelo menos na tradução do título), é igualmente espinhoso, ou pelo menos incômodo. O cinema tem alguma coisa de sonho: quando consigo me lembrar do que sonhei, enquanto me lembro tudo parece fazer sentido; depois aquilo foge, vai embora, às vezes sem deixar qualquer vestígio consciente. Até pela simbologia das cores, essa trilogia talvez se aproxime da região não discursiva dos sonhos: o que fica dessas cores? O branco abre espaços (em especial quando o protagonista volta para sua terra), mas a última cena se dá dentro de uma prisão...

Nenhum comentário:

Postar um comentário