Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 31 de março de 2013

caetano veloso não morreu

A conjunção de diferentes signos nos últimos dias levou-me a sonhar esta noite que Caetano Veloso havia morrido ― logo eu, que não quero que ele morra, pelo menos tão cedo. Nos arredores deste 31 de março (que não foi um primeiro de abril), como em outros, aumentam as referências ao golpe de 64 ― por exemplo, o documentário recém-lançado “O dia que durou 21 anos”. Vi uma entrevista de Caetano ontem, num documentário intitulado “Canções do Exílio”, vi num outro canal o Emílio Santiago cantando, e por fim num terceiro canal passava o show “Prenda Minha”, em que Caetano interpreta com muita energia a canção “A Luz de Tieta” (que acabei postando). Então por que sonhar com a morte dele, num contexto de tanta vitalidade? Só pode ser para afirmar, por outros caminhos, a força da vida.

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