Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 31 de março de 2013

escrever no quase vazio

Paranoid Park traz, a bordo do vazio e da incomunicabilidade das experiências que as personagens adolescentes vivenciam, uma aposta inusitada: a escrita como elemento de catarse. No caso, praticamente um simulacro da escrita, haja vista que a carta (ou cartas) não será enviada à remetente, que no entanto é decisiva para que aquela escrita aconteça. Metonimicamente, as cartas deslizam para o fogo, que aparece não como destruição, mas como possibilidade de transformação, que a escrita ensejou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário