Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 21 de novembro de 2010

notícia da morte de um poeta

Um vídeo do youtube dá notícia da morte de Mário Quintana, generosos quatro minutos que talvez hoje soassem datados: tanto tempo assim para falar da morte de um poeta!? Ou será que poetas incomodam menos quando morrem, e por isso sua morte ganha uma aura de dignidade? Há uma compilação de ditos e clichês, trechos de poemas imiscuídos a trechos de fala, e o mundo parece momentanemanete redimido de sua brutalidade: eles passarão, eu passarinho.

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