A tentação de ler as páginas iniciais da minha tese, uma vez disponibilizada a versão digital no site da UFMG, me fez morder a própria língua: o demônio da revisão foi agindo, e encontrei um erro de digitação logo no início. Corrigi e tomei as providências cabíveis, de forma que a versão retificada já se encontra disponível (AQUI). Mas ficou-me o saldo da incoerência: além de mim, outras seis pessoas leram o texto, e ninguém deu pelo problema, nem eu, na leitura final. Ao mesmo tempo, desagrada-me a possibilidade de encontrar outros problemas similares, pois fiz o possível para evitá-los. Julguei que os outros leitores fossem sinalizá-los, caso os encontrassem, e creio que julguei mal. Teriam sido úteis, estes sofisticados leitores, sinalizando essas coisinhas miúdas, mais chãs, mas com as quais também se faz a qualidade de uma escrita.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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