Tenho andado reclusa, economizando energias, com preguiça de quase tudo o que costuma empolgar as pessoas. É como se um ano sabático tivesse se me mostrado inevitável. Então parei, coloquei algumas coisas em stand by, outras na sombra, o que se traduziu, por exemplo, na dificuldade atual de estar presente na vida dos amigos. É que precisei estar presente antes de tudo para mim mesma, algo que, nas idas e vindas dos estudos e entre as cidades por que fui passando, nunca foi muito fácil. Quando me dou conta do que ergui com a minha própria força, meu nome me parece uma forma de suavizar uma trajetória que me exigiu tanto, e continua a exigir.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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