Há aproximadamente um ano venho postando, quase diariamente, um poema. Necessidade estranha, haja vista que posso ler quantos poemas quiser, enfeixados nos livros que possuo. No entanto, o poema cotidiano, do autor que estiver mais à mão, é uma lembrança repentina que me vem. Então alguma coisa se agita em mim, e não há outra forma de contemplar o que pede contorno senão postando um poema que, de algum modo, tangencia sensações fugidias, que de outra forma ficariam relegadas ao ostracismo dos belos instantes perdidos. Mas há poemas bastante difíceis, que talvez nunca chegue a postar. Sou covarde, admito.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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