"Você come gororoba?" Foi na casa de um professor, no Espírito Santo, ele estava me convidando para almoçar com ele, havia um mexido, uma abóbora, arroz, feijão. Então comentei que não tinha costume de cozinhar, não gostava de ir para a cozinha. Ele se espantou: "Um ser humano que não cozinha!..." Estou revendo algumas coisas, inclusive a possibilidade de começar a improvisar gororobas. Uma vantagem é poder dosar o sal, escolher o óleo, o tempero... Outra é o controle de qualidade. E certa economia, é certo.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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