Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

espírito natalino II

Hoje, na altura da Uruguaiana, naquela confusão de lojas próximo à estação do metrô, uma mulher, levando numa mão uma sacola e na outra uma criança, vinha em disparada em meio à multidão gritando “Pega! Pega!”, tentando alcançar um moleque que fugia a passos largos entre as pessoas, por ter afanado seu celular. Voltei-me a tempo de ver o tumulto se formando e pessoas dispostas a atender ao pedido da mulher. Não tem nada a ver com o post anterior, mas eu me dirigia justamente para o Palácio das Ferramentas.

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