102. (trecho)
A vida é para nós o que concebemos nela. Para o rústico cujo campo próprio lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe é ainda pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade de nossa própria vida.
Isto não vem a propósito de nada.
PESSOA, Fernando. Livro do desassossego. São Paulo: Companhia de Bolso, 2006, p.130.
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