Baladilha arcaica
Na velha torre quadrangular
Vivia a Virgem dos Devaneios...
Tão alvos braços... Tão lindos seios...
Tão alvos seios por afagar...
Vivia a Virgem dos Devaneios...
Tão alvos braços... Tão lindos seios...
Tão alvos seios por afagar...
A sua vista não ia além
Dos quatro muros que a enclausuravam,
E ninguém via ― ninguém, ninguém ―
Os meigos olhos que suspiravam.
Dos quatro muros que a enclausuravam,
E ninguém via ― ninguém, ninguém ―
Os meigos olhos que suspiravam.
Entanto fora, se algum zagal,
Por noites brancas de lua cheia,
Ali passava, vindo do val,
Em si dizia: ― Que torre feia!
Por noites brancas de lua cheia,
Ali passava, vindo do val,
Em si dizia: ― Que torre feia!
Um dia a Virgem desconhecida
Da velha torre quadrangular
Morreu inane, desfalecida,
Desfalecida de suspirar...
Da velha torre quadrangular
Morreu inane, desfalecida,
Desfalecida de suspirar...
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 20. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003, p.96.
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