Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 23 de outubro de 2010

comentário: heróis

Os heróis

Mesmo em Camus ― esse amor pelo heroísmo. Então não há outro modo? Não, mesmo compreender já é um heroísmo. Então um homem não pode simplesmente abrir uma porta e olhar? 

LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p.237.

P.S. Creio que o outro título que dei, embora falasse de uma dificuldade, ficou presunçoso. Depois de uma tarde de shopping center, com direito à gente pelas calçadas na ida e na volta, pode de fato soar presunçoso sustentar qualquer fala acerca de heroísmo. Então sai o comentário que escrevi, entra esse texto sem sabor de nada. Há pessoas vivendo em calçadas, enquanto outras lotam salas de cinema em busca do herói da vez, que atente pelo nome de capitão nascimento.

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