Liberdade, estranha companheira a habitar aqueles que se decidiram pelo locus amoenus, loucos amenos, loucos a menos. Como prescindir da liberdade? Cecília Meireles conseguiu a proeza de fazer convergir árcades e românticos, na bela homenagem que fez aos poetas inconfidentes: "Liberdade — essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!"
“Através de grossas portas,
sentem-se luzes acesas,
— e há indagações minuciosas
dentro das casas fronteiras.
‘Que estão fazendo, tão tarde?
Que escrevem, conversam, pensam?
Mostram livros proibidos?
Lêem notícias nas Gazetas?
Terão recebido cartas
de potências estrangeiras?’
(Antiguidades de Nimes
em Vila Rica suspensas!
Cavalo de La Fayette
saltando vastas fronteiras!
Ó vitórias, festas, flores
das lutas da Independência!
Liberdade — essa palavra,
que o sonho humano alimenta:
que não há ninguém que explique,
e ninguém que não entenda!)
E a vizinhança não dorme:
murmura, imagina, inventa.
Não fica bandeira escrita,
mas fica escrita a sentença."
Fonte: Releituras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário