Aqui no Rio de Janeiro uma forma de transporte alternativo aos coletivos são as vans. Numa cidade com déficit de transporte público de qualidade elas proliferam. E aí ocorre uma particularidade interessante: trata-se de uma viagem com trilha sonora... de FM. E é curioso como as músicas são facilmente reconhecíveis, no mesmo movimento em que são imediatamente esquecidas. Chico Buarque: "Ela vive parada no sucesso do rádio de pilha. Que maravilha."
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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