“Então decidi que devo fechar os olhos na hora de por os selos nos envelopes feios, que é pra eu não magoar eu mesmo, sei lá. Mas enfim, os meus selos preferidos estão concorrendo a melhor não sei o que esse ano, acho que o mais bonito. Fiquei tão feliz! Já mandei meu voto! Agora eu preciso arrumar mais cupons pra votar mais vezes (preciso arrumar uma forma de sabotar essa eleição) porque, como disse, as pessoas são insensíveis, sem coração, e vão votar nos selos com as bandas horrorosas do anos 70 (o Bob não se inclui, são só os terríveis finlandeses mesmo), vão votar nos selos com fotos de verduras e frutas, nos das fadas e NÃO vão votar nos meus selinhos preto e branco com fotos de 70 anos atrás (...) Lindos! Bom... sou muito materialista mesmo, né? Vou te escrever uma carta daí eu posso usar o selo bonitinho, mas não vou usar nesse envelope grande feio e amarelo (...) isso deveria ser crime. Acabei de recortar a coleção da página da revista, tô te mandando os selos pra que você veja! Lindos! Então, anos atrás eles lançaram uma coleção de selos só com mulheres famosas e já falecidas da Alemanha. Tinha Marlene Dietrich e tals (...) os selos eram lindos! Teve um que eu até mandei colocar numa camiseta a estampa, com a foto da atriz Hidelgard Knef! (anexo foto). Porque pra mim, o selo se tornou mais obra de arte. Eu acho que ainda devo ter algum por aqui nas minhas caixas... um dia te mostro.”
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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