Toca um funk aborrecido no vizinho em frente, que muito frequentemente tem reunido os amigos no terraço para comemorar os bons índices sociais do país. Naturalmente vou desmaiar de cansaço antes da reunião se dissipar. O que escuto é desagradável ao extremo, vulgar a toda prova, rumo ao grunhido. Ao passo que a realidade virtual leva para outras aragens, paragens mais arejadas, onde descubro isso.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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