A PALAVRA
Na febre do som
Do sopro
A treva é flama-fala.
Lá fugindo da laringe,
A terra exala.
Expiram
As palmas
Das palavras não-compostas.
Deposita-se a crosta
Dos mundos que nos portam.
Sobre o mundo formado
Paira a profundidade
Das palavras proferíveis.
Profundamente ora
A palavra das palavras, Sarça viva.
E do futuro
Paraíso
Alça-se a serra adunca
Por onde em chamas, consumido,
Não passarei: nunca.
Poesia russa moderna. Trad. Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman. São Paulo: Perspectiva, 2001, p.84.
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