A Natureza dá o Sol a todos -
Isso - é Astronomia -
A Natureza falta a um Amigo -
Isso - é Astrologia.
Nature assigns the Sun -
That - is Astronomy -
Nature cannot enact a Friend -
That - is Astrology.
DICKINSON, Emily. A branca voz da solidão. Trad. José Lira. São Paulo: Iluminuras, 2011, p.212-213.
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P.S. José Lira considera o sinal gráfico que Emily Dickinson emprega separando as palavras não necessariamente travessão, mas antes “disjunções”: “Emily Dickinson criou um tipo de sinal gráfico até então inexistente em língua inglesa: a disjunção, um traço curto que alguns veem como simples hábito de escrita e outros como sintoma de distaxia (e que em geral é confundido com o travessão). A disjunção é, na verdade, um dos principais recursos estilísticos de sua escrita: destaca uma palavra ou expressão, marca pausas de leitura ou dicção, modifica o ritmo de alguns versos, separa segmentos frasais, expressa continuidade (ou descontinuidade) de uma ideia, explica algo que veio antes ou virá em seguida ― substitui, enfim, todo um conjunto de sinais usais de pontuação e dá a um poema de Emily Dickinson o aspecto próprio de um poema de Emily Dickinson ― abstraindo-se, é claro, o fato de que mais de um quinto dos manuscritos da autora não subsistiram e que as transcrições de terceiros ‘regularizaram’ a pontuação e outros aspectos gráficos e prosódicos de sua escrita.” (p.22) Em outro texto dedicado à poesia de Emily Dickinson, questiona: “se é que ela usava o travessão”. Já Augusto de Campos, também tradutor de Emily Dickinson, emprega o travessão sem entrar em discussões textuais. Apenas assinala: “Emily criou um idioma poético próprio e antecipatório em termos de densidade léxica, economia de expressão e liberdade sintática. [...] Utiliza, muitas vezes em combinatórias novas, versos tradicionais, nos quais os seus estranhos tracejamentos gráficos introduzem recortes e pausas inusitados, dando-lhes feição singular.” (p.10). Em atenção a este recorte de José Lira, e que pressupõe um modo próprio de ler a poesia de Emily Dickinson, suas traduções aqui postadas respeitarão o traço curto, em vez do travessão, embora seja difícil controlá-lo no automatismo do editor de textos, que aliás oferece toda uma gama de sinais gráficos diferenciados.
DICKINSON, Emily. Alguns poemas. Trad. José Lira. São Paulo: Iluminuras, 2008.
DICKINSON, Emily. Não sou ninguém: poemas. Trad. Augusto de Campos. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2008.
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