Minha sobrinha de quase quatro anos vem me visitar. Do quarto, onde assistia o Discovery Kids, ela emerge dizendo: tia mariana, essa música é legal... Na sala, eu tinha colocado Bob Dylan para escutar, baixinho, enquanto trabalhava, e começava a tocar Jokerman, com o estranho poder que essa música tem de, como uma varinha de condão, magnetizar o ambiente, a bela melodia do rouxinol. Então ela quis se sentar na poltrona reclinável para escutar melhor, enquanto perguntava como era mesmo o nome do moço que estava cantando a música.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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