Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 26 de dezembro de 2010

minha sobrinha vem me visitar


Minha sobrinha de quase quatro anos vem me visitar. Do quarto, onde assistia o Discovery Kids, ela emerge dizendo: tia mariana, essa música é legal... Na sala, eu tinha colocado Bob Dylan para escutar, baixinho, enquanto trabalhava, e começava a tocar Jokerman, com o estranho poder que essa música tem de, como uma varinha de condão, magnetizar o ambiente, a bela melodia do rouxinol. Então ela quis se sentar na poltrona reclinável para escutar melhor, enquanto perguntava como era mesmo o nome do moço que estava cantando a música.

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