II, 20
Entre as estrelas, que distância! Mas ainda mais irrestrita
é a distância que nos separa
de uma criança, por exemplo... ou uma pessoa cara ―,
ah! que distância infinita!
O destino nos mede, talvez, com o metro do Ser,
por estranho que se o tenha.
Quantas medidas entre o homem e a mulher
que o deseja e desdenha.
Tudo é distância ― é um círculo sem fim.
Vê, sobre o prato, à mesa, posta com brandura,
o peixe: a sua face obscura.
Peixes são mudos... se pensava outrora. Será assim?
Não haverá, afinal, um lugar que se deixe
Falar a língua dos peixes, sem o peixe?
RILKE, Rainer Maria. Coisas e anjos de Rilke. Trad. Augusto de Campos. São Paulo: Perspectiva, 2007, p.165.
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